sábado, 15 de outubro de 2011

EDITORIAL

Ilustres  amigos,

Como idealizador desse projeto, a revista “O Curiango”, em circulação há 9 anos, minha preocupação tem sido em apresentar aos leitores um pouco de nossa realidade como instituição séria, que é a Polícia Civil mineira, retratando fatos de nosso cotidiano e temas diversos inerentes à segurança pública, como também turismo, meio ambiente, educação, saúde, gastronomia e outros.

Assim sendo, sinto-me na obrigação de convidá-lo, como integrante dessa organização policial mineira, a participar conosco deste trabalho, através do envio de artigos, sugestões de reportagens, crônicas, cartas e outras informações interessantes que possam ser publicadas em nossa revista, bem como a indicação de possíveis colaboradores da classe empresarial e órgãos públicos que possam ter interesse na inserção de mídias publicitárias em nosso veículo.

As nossas despesas têm aumentado muito a cada dia para manter vivo esse projeto que dignifica o nome da instituição. São despesas com serviços gráficos, postagem de correspondências, envio de revistas, telefones, combustível, profissionais de comunicação, etc.

Todavia, mesmo diante de tantos obstáculos, não desfaleceremos e prosseguiremos em frente com nosso informativo, que a cada edição ganha mais apoio e aceitação da sociedade, pela seriedade e qualidade do trabalho.

Mantenho a cada edição na coluna “Crônica Policial”, uma crônica baseada em fatos interessantes que pude vivenciar no dia-a-dia da lida policial ao longo dessas mais de 3 décadas servindo nessa bicentenário instituição como Delegado de Polícia e convido-lhe a enviar também a sua.

Para melhores esclarecimentos e outras informações acerca desse trabalho, entre em contato conosco.

José Geraldo Gomes Lhamas
Delegado Geral de Polícia
(31)9126-7677
revistacuriango@hotmail.com

CRÔNICA DO LHAMAS

Receita guardada em segredo


Cataguases é uma cidade mineira bem interiorana, localizada na Zona da Mata, distante uns 300 quilômetros de Belo Horizonte.
Dezembro de 1979, 15 horas, calor intenso... O prédio da Delegacia de Polícia situado na Rua Major Vieira era uma construção muito antiga com paredes dobradas e, na grande maioria, composta por pedras. Imaginem o calor que fazia ali dentro!
Bem em frente a essa Depol existia uma frondosa mangueira, e não suportando aquele calor terrível, fui me abrigar à sombra dela. Comprei um picolé “Tatá” e tranquilamente o saboreava, deliciando-me com cada gelada lambida, quando fui abordado por uma senhora de aproximadamente uns 45 anos, muito elegante, bem vestida, bonita e educada, que me perguntou:
- O senhor que é o Delegado Lhamas?
- Sim, sou eu. Respondi.
- O senhor poderia me dar um minuto de sua atenção?
- Perfeitamente. Podemos conversar aqui mesmo?
- Preferiria que fosse num lugar mais reservado...
- No meu gabinete?
- É melhor. Disse ela
Entramos na Depol, subimos as escadas e caminhamos tranquilamente até meu gabinete. Ao chegarmos, convidei-a para entrar e ao passar me pediu que trancasse a porta.
Como ela aparentava ser uma mulher extremamente tranqüila, sem demonstrar nenhuma maldade, tranquei. Fiquei pensado outras coisas, mas logo imaginei: Pode ser uma mãe em apuros, com o filho envolvido em drogas e ela quer ajuda e veio denunciar o traficante.
Sentei em minha cadeira atrás da grande mesa e ela se acomodou numa poltrona bem em frente e fui logo perguntando: O que a senhora deseja?
- Doutor Delegado, estou em estado de desespero e o senhor é a única pessoa que pode me ajudar.
- Se tiver ao meu alcance!
Então ela fez uma pequena pausa e disparou:
- Doutor, estou casada há 15 anos e agora vivo um momento intrigante em minha vida, pois de uns 8 meses pra cá, meu marido passou a me procurar todas as noites, sem intervalo e já não agüento mais isso... Só o senhor pra me ajudar!
Confesso que tomei um grande susto, pois não esperava tal questionamento daquela mulher.
Tirei um cigarro do bolso, coloquei na boca e procurando o fósforo para acendê-lo fui ganhando tempo para minha resposta.
A mulher com o olhar fixo em mim aguardando uma posição, uma decisão minha para a solução de seu “grave” problema.
Acendi o cigarro, dei a primeira tragada e respondi:
- Olha minha senhora, sem faltar com o respeito, devo lhe dizer que se o caso fosse o contrário, eu poderia resolver seu problema imediatamente... mas o caso do seu marido pra mim é impossível resolver... mas quem sabe uma Delegada, uma Juíza ou uma Promotora?
A senhora nada mais falou, se levantou e disse: Boa tarde! Abriu a porta e quando ia saindo ainda lhe perguntei:
- Escuta! 
Então ela parou...
- Eu gostaria muito que a senhora me fornecesse a “receita” de toda a comida que tem dado ao seu marido nesses últimos 8 meses, pois pretendo cumprir essa dieta “a risca”!
Ela nada respondeu e foi-se embora.